Como um jovem que acorda de ressaca e não reconhece o cômodo ou a casa onde se encontra, não sei direito como explicar a sucessão de eventos que me trouxeram até este momento: estou ouvindo o Novo Álbum de Paulo Ricardo e escrevendo sobre cada uma das suas faixas.
Enquanto aguardo ansiosamente pelo Uber que me levará de volta à sanidade, conto com a sua companhia para nos deslumbrarmos com o primeiro disco solo deste baluarte do rock brazuca em 10 anos.

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Eis uma canção muito interessante. Parece uma vinheta vendendo aqueles CDs de acesso à internet da America On Line no final dos anos 90. A letra brinca justamente com as ‘novas tecnologias’ e o instrumental parece a guinada rumo ao rock vigoroso e dançante que Wandi Doratiotto faria depois de uma noite de amor com Trent Reznor.
Trecho preferido: “Monetize. Invista. Mas eu espero que você entenda / meu amor, que eu não estou à venda”. É exatamente o tipo de coisa que eu esperaria ouvir o Paulo Ricardo cantando caso estivéssemos vivendo na realidade distópica do Robocop original – e a cada dia me convenço mais de que é bem esse o caso.
Parece uma versão em português de qualquer música da banda The Killers – que sumiu rumo ao oblívio há pelo menos 8 anos. Ou seja, Paulinho do Sintetizador está até bem atualizado em relação aos seus concorrentes da cena.
Mais uma balada criada por um roqueiro tiozão para homenagear a filha ou uma namorada muito jovem, eu confesso que não consegui ouvir até o fim para descobrir qual das duas.
Uma curiosa celebração pela existência de pessoas bonitas. O ritmo começa parecido com alguma coisa do George Michael e logo se transforma no mais provável jingle da campanha de Aécio Neves em 2018.
Isso aqui é maior ouro do disco inteiro. Um trecho:
Não me provoque
Tropa de Choque
Tropa de Elite
Pleased to meet you, baby
Uh, uh, uh
E aí ele cita tantas referências que chega a ser assombroso. Não tem nem o que escrever a respeito. Ouçam.
06. EU E VOCÊ (O X DA QUESTÃO)
A música certamente merece um prêmio! Infelizmente para os advogados de Paulo Ricardo, é o troféu de Música Mais Parecida com Sexed Up do Robbie Williams em 2016.
Mais uma poderosa balada que poderia ter saído da lavra de gênios contemporâneos como Scott Stapp, líder do Creed – caso ele não tivesse sido recolhido por instituições psiquiátricas a tempo.
É a minha preferida deste disco. Paulo Ricardo dá mais uma demonstração de que está muito ligado ao que tem rolado nas FMs pós-bug do milênio. O refrão chega envolvente, com uma voz fininha típica do Chris Martin e um andamento que também lembra o Coldplay em seus dias mais nefastos.
Se a Gwyneth Paltrow ouvir, vai pedir o divórcio de novo.
Um trecho da letra merece destaque: “Se eu não sei / e nem mesmo o roquenrou me ensinou nada / eu não sei de quem é a culpa”
O cantor surge fascinado por ainda encontrar-se em período fértil e aqui descabela-se em mais uma loa tecida à própria prole. É fácil identificar um pai coruja quando parece uma boa ideia usar “depois da tempestade / vem a bonança” em uma música nova.
“E se nós ainda estamos juntos / é porque a gente se ama muito” avisa Paulo Ricardo na penúltima faixa do disco. Realmente parece uma prova de amor chegar tão longe.
Sobreviver até aqui é uma tarefa inglória, ainda mais ao descobrir que o prêmio consiste nesse poperô parcialmente desprovido de lógica.
Quantas descobertas incríveis: VIDA REAL é o nome da tradicional música do BBB e o Paulo Ricardo sussura “hey brother, hey sister” bem no comecinho. Esse tipo de coisa a Globo não mostra.
Entendo os motivos.
Cotação: Um Power Couple Brasil, de um BBB 16 possível
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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