O Jornal Nacional é o elo mais fraco na programação noturna da Globo. Atrapalhou Babilônia, está arruinando A Regra do Jogo e poderá causar chagas profundas à emissora carioca caso nada seja feito.
Nosso jeito de consumir informação evoluiu bastante. E a relevância da turma do Willian Bonner só continua se fazendo valer quando algum familiar fala no grupo de WhatsApp que “viu no Jornal Nacional” que a Dilma tinha renunciado.
A recente guinada rumo a um estilo milimetricamente coloquial de noticiar demonstra o quanto o programa não entendeu nada sobre nossos tempos bicudos. De que adianta colocar seus apresentadores e repórteres para falarem de um jeito mais informal se for tudo tão ensaiado?
A esgrima coloquial que vem sendo praticada por Bonner, Vasconcellos e seus repórteres Teletubbies deixa escapar algo profundamente importante para o telespectador deste século 21: a verdade.
E pouco me interessa a verdade dos fatos aqui – estou falando da verdade de espírito daqueles que apresentam o informativo.
Basta ver por quem os sinos dobram quando aparecem na TV: a distopia cáustica de Mônica Iozzi, as previsões rústicas de Maju Coutinho, a malemolência de apartamento de Tiago Leifert. Goste ou não do estilo de cada um, é inegável que eles passam verdade na liberdade que conquistaram em seus programas – e o público responde a isso de maneira eloquente.
Em algum nível, é o que Marcelo Rezende fez com o Cidade Alerta: transformou o programa numa espécie de programa de variedades policial. E completamente focado em sua própria personalidade, no seu ponto de vista.
É o mesmo princípio ativo que deixa maravilhados os milhões de fãs de vlogueiros pós-adolescentes no YouTube, por exemplo.
A informação por si só não vale de nada – e não é o didatismo de Telecurso Segundo Grau vigente no Jornal Nacional que vai salvá-la. É o ponto de vista sobre as coisas que acontecem neste mundo. Por isso a necessidade de um elenco de verdade e um formato mais alinhado com as necessidades da televisão realmente ao vivo.
Ou o programa para de acreditar que precisa gabaritar com o júri técnico do Dança dos Famosos ou seguirá neste organizado compasso rumo à obsolência pra lá de programada.
Jornal Nacional, Temporada 46
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